Um momento mais delicado e de união para a escola e a família.
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| ↳ A mãe como professora - foto: Katrina Wittkamp/Getty Images. |
Conversei com professores e pais sobre como foi esse desafio: o ano letivo iniciou-se normalmente e tudo ocorria bem até que, em razão de uma pandemia, escolas tiveram que atuar remotamente com os alunos em casa e com o apoio familiar.
Uma das grandes mudanças na educação brasileira — talvez a maior delas ocorrida no ano de 2020, por causa da Covid-19 — dá-se ao fato de que as escolas foram obrigadas a implantar a modalidade EAD (Ensino à Distância), desde os anos iniciais até ao ensino médio e superior, levando-as a utilizar videoaulas com atividades online e/ou enviá-las impressas em forma de apostilas. Desse modo, profissionais da educação, em especial os professores, tiveram que se adequar a esse novo formato educacional nas instituições em que têm vínculo, assim como os estudantes e seus pais também tiveram de se adaptar.
A interação com professores e com outras crianças ajuda no desenvolvimento em vários aspectos.
Alguns desafios e dificuldades passaram a fazer parte da vida das pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem, especialmente na educação infantil e nos anos iniciais. Para esta faixa etária o ensino presencial é de grande importância, pois a interação com professores e com outras crianças ajuda-os no desenvolvimento em vários aspectos: "Por meio dessa interação, elas trocam informações, linguagens e ações; começam a se relacionar com o outro, aprendendo a respeitá-lo e a construir valores e princípios de colaboração, generosidade e solidariedade"¹ (PORTAL EDUCAÇÃO, 2015).
Desafio aos Professores
Referências:
A pedagoga Adriana Souza², professora na Educação Municipal de Medicilândia - PA, falou-nos dos desafios que encontrou e teve que superar para garantir a seus alunos um ano proveitoso e um aprendizado de qualidade.
↳ Profª. Adriana atuou no 3º ano do Ensino Fundamental em 2020 - foto: arquivo pessoal.
"Sabemos que nós professores trabalhamos integralmente para garantir o ensino-aprendizagem de nossos alunos e, com isso, estamos em constantes pesquisas para que o conhecimento seja repassado de forma correta e clara, para que o aluno aprenda de forma prazerosa.
"No começo deste ano atípico, com várias expectativas em relação à aprendizagem da minha classe, estava correndo tudo nos conformes, como nos anos anteriores, quando de repente fomos pegos de surpresa com essa pandemia que veio para virar o mundo de cabeça pra baixo. Quando a instituição chegou com a proposta, de início foi uma surpresa geral pra todos, pois foi algo novo que nunca nos tinha sido apresentado, foi desafiador pra todos.
O maior desafio foi convencer os pais que teriam de ajudar seus filhos nas tarefas escolares.
"Preparar atividades remotas não seria tão difícil, pois já se planejava as aulas presenciais para serem aplicadas em sala de aula; difícil agora era transformá-las em aulas remotas onde os pais seriam os responsáveis por direcionar o aluno ao aprendizado. O maior desafio foi convencer os pais que teriam de ajudar seus filhos nas tarefas escolares, quando muitos pais, por conta do trabalho, não teriam tempo pra ajudar na resolução das tarefas. Na minha opinião, não houve aprendizagem satisfatória como seria se os alunos estivessem presencialmente em classe."
O balanço final da Prof.ª Adriana é positivo quanto à estrutura organizada e aos objetivos propostos pela escola: "Na instituição onde eu trabalho, essa estrutura foi satisfatória, pois foi obtido os anseios desejados. Foi difícil, foi, mas foi uma nova forma de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional. Mostrou também que na profissão nós devemos estar sempre em constante mudança e buscar cada dia aprender novas ferramentas para proporcionar aos educandos o ensino-aprendizagem desejado."
O apoio familiar
A jovem Franciele Gomes, residente em Novo Horizonte - SP, mãe de 2 crianças, contou-nos sua experiência nesse período pandêmico no qual surgiram novas responsabilidades para o seu ambiente doméstico.
↳ Franciele: esposa, mãe, dona de casa e "professora" das filhas - foto: arquivo pessoal.
"A maior dificuldade que encontrei foi 'ensinar' e fazer minha filha de 6 anos prestar atenção. Eu também não tenho muita paciência, até porque tenho uma bebê de 1 ano e 9 meses e a dificuldade é maior com duas crianças para cuidar. Acredito que na escola, minha filha vê como uma 'responsabilidade' dela em aprender para chegar em casa nos contando como foi seu dia, o que aprendeu... Já em casa ela não levava tão a sério.
"Como mãe de duas crianças, eu tive que separar os horários: hora de brincar, hora de comer, de assistir tv e hora de estudar! Fora ter que cuidar da casa e tudo mais, foi uma loucura, mudando completamente minha rotina.
Um desafio para os pais que trabalham fora e fica difícil pra ajudar a criança.
"Acredito que na escola, com o professor, a criança presta mais atenção, pois eles sabem ensinar com paciência, a criança gosta e tem vontade de aprender! Eu avalio esse novo modelo educacional como um desafio para os pais, porque tem aqueles que trabalham fora e fica difícil pra ajudar a criança nas atividades escolares.
"Como no meu caso tenho uma bebê que, por sinal, não pára quieta [risos], aí você não sabe o que faz, por onde começa com seriedade a ensinar a outra que precisa da sua atenção também. Acredito que para tornar esse processo mais tranquilo só indo para a escola e aprender com um profissional, mas nessa pandemia que vivemos hoje, o melhor é cuidar de nossos pequenos e ir 'matando um leão por dia'."
Como vimos, em 2020 foram grandes os desafios para todos os envolvidos na educação escolar, mas com muita coragem, paciência, cooperação e dedicação, pais e professores conseguiram superá-los. Foi um momento desafiador e, consequentemente, de grande aprendizado.
1. Interações sociais e significação no aprendizado das crianças. Portal Educação, 2015. Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/marketing/interacoes-sociais-e-significacao-no-aprendizado-das-criancas/62894. Acesso em: 10 jan. 2020.
2. Adriana de Souza da Silva, graduada em Pedagogia pela FAIARA, pós-graduada em Psicopedagogia com ênfase em Educação Especial e em Gestão do Trabalho Pedagógico: Gestão, Orientação e Supervisão Escolar pela faculdade Metropolitana.
